Reflexões - Cap. I

4.3.23

Estava aqui ponderando sobre a vida enquanto fazia alguns serviços domésticos e cheguei à algumas conclusões.

Já faz algum tempo que eu sinto uma inquietação quando penso em tudo que já fiz, em tudo que gostaria de fazer e principalmente nas coisas que deixei de fazer. Arrependimentos a parte, eu tenho pensado muito na forma como conduzo a minha vida e em todas as influências as quais estou exposta diariamente.

Estamos diante de um momento de despejo de informações. Tudo é excessivo, verborrágico e imediato, tudo precisa ser processado em segundos. Se não couber em dez ou quinze segundos perde o valor.

Eu sou remanescente de outra época e perceber que estou me habituando a essa era imediatista e com pouca profundidade está me assustando um pouco. Não foi isso que prospectei para a minha vida adulta.

Sou da época dos textos grandes e dos filmes de três horas e meia de duração. Notei que essa minha habituação a era do 'estalo', como costumo chamar, tem me causado danos em várias frentes da minha vida.

Eu, que sempre tive uma escrita impecável e tão sempre muito elogiada, me vejo cometendo erros bobos por falta de atenção. Perdi a fluidez ao tentar discorrer sobre uma ideia, estou com as habilidades motoras relacionadas à escrita manual prejudicadas e fui acometida pelo mal do século: a pressa de consumir informações rapidamente e em excesso.

Isso tem resultado no único cenário possível: começo várias coisas e não termino nenhuma, me interesso avassaladoramente por algo e no minuto seguinte esse interesse se desvanece e é como se nunca tivesse existido.

E com isso estou sentindo minha vida escorrendo por entre meus dedos. Me sinto improdutiva e frustrada, como se não fosse boa suficientemente para fazer nada.

Anseio de forma voraz por complexidade, mas quando me deparo com ela me assusto, me retraio e muitas vezes declino. Acabo cedendo à comodidade das águas rasas e ali permaneço me sentindo incoerente com meus sentimentos, desejos e visão de mundo.

Sempre tive como princípio tentar ser uma pessoa melhor, deixar uma marca positiva no mundo, na vida das pessoas que cruzassem meu caminho, usar minha existência para ser e fazer algo bom, mas isso dá trabalho.

E estamos numa época que ninguém quer ter trabalho com nada, inclusive eu. Então sigo me sentindo incoerente, frustrada, rasa e improdutiva. 

A faísca do desejo de mudar essa perspectiva já existe, os pequenos passos rumo a um cenário diferente começaram a ser dados, porém, ainda é muito difícil e desgastante. Mas eu não quero chegar no fim da minha vida com o sentimento de que não fiz e não me esforcei em ser o máximo que eu poderia, que eu simplesmente segui o curso do rio para não ter que me debater contra a correnteza.

Eu só quero encerrar a minha existência nesse mundo sabendo que fui o melhor que poderia ter sido e não quem era mais fácil eu ser.

8 comentários:

  1. incrível como você conseguiu expor tudo o que eu sinto nesses últimos tempos. Essa vida imediatista a qual estamos todos inseridos é muito frustrante e desesperadora.
    Espero que isso passe para todos nós.

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    1. É tão frustrante! E o pior é ver o quanto isso tem se tornado parte das nossas vidas dia após dia e o quanto isso impacta nossas vidas negativamente.

      Que tenhamos forças pra mudar ♥

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  2. Me vi muito nessa sua postagem, sempre queremos ser melhores mas muitas vezes nos sentimos confortáveis em sermos o "mais fácil".

    Conheci teu blog agora, preciso dizer que to apaixonada!

    www.entretardes.com

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    1. Obrigada pelo carinho ♥

      É exatamente isso, é confortável ser o mais fácil. E nessa zona de conforto constante, vamos nos tornando versões medíocres daquilo que poderíamos ter sido.

      É assustador, mas que possamos mudar ♥

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  3. Eu também me sinto assim e que bom te encontrar! Hoje em dia está muito mais difícil ser constante nos hábitos, tudo muda o tempo todo rapidamente. É tanta informação que a nossa mente cansa, precisamos dar um jeito de desligar. Espero que esteja conseguindo ser a pessoa que pode e que deseja ser.
    Continue escrevendo, ajuda muito! :)
    https://notaspraterapia.blogspot.com/

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    1. Sim! Manter qualquer hábito tem sido absurdamente difícil, sobretudo se ele nos tira da zona de conforto! É preciso um enorme esforço pra sair desse ciclo de comodismo.

      Mas que possamos chegar lá! Obrigada pelo carinho ♥

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  4. Nossa Pri, esse post me pegou demais. Me sinto igual. E percebi muito isso quando dei uma parada no uso das redes sociais. É algo bom, pois por meio delas encontro outras pessoas que gostam e se interessam pelos mesmos assuntos que eu e que não encontro na minha vida cotidiana, mas de brinde recebia tanta informação desnecessária, meme, discussão alarmista, polêmicas, coisas que não eram necessárias e me deixavam frustrada e ansiosa, com essa sensação de que tinha que dar conta de tudo, e esse tudo em sua maioria eram coisas que não faziam diferença no meu aqui e agora... É difícil ora gente, que cresceu na internet e vê esse lado bom dela, equilibrar esse lado positivo com essa maluquice de excesso de informação que ela traz. E nessa vibe, saiba que tô muito feliz de ter achado teu blog!

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    1. Emi ♥

      Eu penso que tudo tem seu lado positivo, o problema é que as coisas avançam muito rápido nessa era das redes sociais e no fim acaba que as coisas ruins superam as boas.

      Nós ficamos sujeitas a todo tipo de pressão, cobrança e gatilhos. Fora que as pessoas se sentem super seguras pra destilar seus venenos em cima das outras pessoas sem pensar duas vezes.

      E a gente também começa a sucumbir ao imediatismo e cultura inútil e quando percebemos já gastamos um tempo absurdo consumindo essas coisas.

      Saber dosar tudo isso eu acho que ainda é o maior desafio!

      Fiquei feliz em te ver também ♥

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